domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XI

Esquisito é, acrescentam, que só se fale dos Espíritos de personagens conhecidas e
perguntam por que são eles os únicos a se manifestarem. Há ainda aqui um erro, oriundo,
como tantos outros, de superficial observação. Dentre os Espíritos que vêm
espontaneamente, muito maior é, para nós, o número dos desconhecidos do que o dos
ilustres, designando-se aqueles por um nome qualquer, muitas vezes por um nome alegórico
ou característico. Quanto aos que se evocam, desde que não se trate de parente ou amigo, é
muito natural nos dirijamos aos que conhecemos, de preferência a chamar pelos que nos são
desconhecidos. O nome das personagens ilustres atrai mais a atenção, por isso é que são
notadas.
Acham também singular que os Espíritos dos homens eminentes acudam
familiarmente ao nosso chamado e se ocupem, às vezes, com coisas insignificantes,
comparadas com as de que cogitavam durante a vida. Nada aí há de surpreendente para os
que sabem que a autoridade, ou a consideração de que tais homens gozaram neste mundo,
nenhuma supremacia lhes dá no mundo espírita. Nisto, os Espíritos confirmam estas
palavras do Evangelho: “Os grandes serão rebaixados e os pequenos serão elevados”,
devendo esta sentença entender-se com relação à categoria em que cada um de nós se
achará entre eles. É assim que aqueles que foi primeiro na Terra pode vir a ser lá um dos
últimos. Aquele diante de quem curvávamos aqui a cabeça pode, portanto, vir falar-nos
como o mais humilde operário, pois que deixou, com a vida terrena, toda a sua grandeza, e o mais poderoso monarca pode achar-se lá muito abaixo do último dos seus soldados.

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