segunda-feira, 11 de março de 2013

O Livro dos Espíritos: perguntas 91 a 100


91. A matéria opõe obstáculo ao Espírito?
“Nenhum; eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo
lhes são igualmente acessíveis.”

92. Têm os Espíritos o dom da ubiqüidade? Por outras palavras: um Espírito pode
dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo?
“Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas, cada um é um centro que
irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao
mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva
muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.”

a) - Todos os Espíritos irradiam com igual força?
“Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de cada um.”


Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um pode lançar seus
pensamentos para diversos lados, sem que se fracione para tal efeito. Nesse sentido
unicamente é que se deve entender o dom da ubiqüidade atribuído aos Espíritos. Dá-se com
eles o que se dá com uma centelha, que projeta longe a sua claridade e pode ser percebida
de todos os pontos do horizonte; ou, ainda, o que se dá com um homem que, sem mudar de
lugar e sem se fracionar, transmite ordens, sinais e movimento a diferentes pontos.


Perispírito

93. O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem
alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?
“Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante
grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e
transportar-se aonde queira.”

Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma
substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito
propriamente dito.


94. D e onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial?
“Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os
mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de
roupa.”

a) - Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio,
tomam um perispírito mais grosseiro?
“É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.”

95. O invólucro semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser
perceptível?

“Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes,
quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo
palpável.”

Diferentes ordens de Espíritos

96. São iguais os Espíritos, ou há entre eles qualquer hierarquia?
“São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.”


97. As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?
“São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas
como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente.
Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três
principais.
“Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros
Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que
neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os
Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes
retardam o progresso, eis o que os caracteriza.”

98. Os Espíritos da segunda ordem, para os quais o bem constitui a preocupação
dominante, têm o poder de praticá-lo?
“Cada um deles dispõe desse poder, de acordo com o grau de perfeição a que
chegou. Assim, uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Todos, porém, ainda
têm que sofrer provas.”

99. Os da terceira categoria são todos essencialmente maus?

“Não; uns há que não fazem nem o mal nem o bem; outros, ao contrário, se
comprazem no mal e ficam satisfeitos quando se lhes depara ocasião de praticá-lo. Há
também os levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se comprazem
antes na malícia do que na malvadez e cujo prazer consiste em mistificar e causar pequenas
contrariedades, de que se riem.”

Escala espírita


100. OBSERVAÇÕES PRELIMINARES. - A classificação dos Espíritos se baseia
no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que
ainda terão de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu
conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é
insensível e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da Natureza,
como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem.
Podem, pois, formar-se maior ou menor número de classes, conforme o ponto de vista
donde se considere a questão. Dá-se aqui o que se dá com todos os sistemas de classificação
científica, que podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou
menos cômodos para a inteligência. Sejam, porém, quais forem, em nada alteram as bases
da ciência. Assim, é natural que inquiridos sobre este ponto, hajam os Espíritos divergido
quanto ao número das categorias, sem que isto tenha valor algum. Entretanto, não faltou
quem se agarrasse a esta contradição aparente, sem refletir que os Espíritos nenhuma
importância ligam ao que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo.
Deixam-nos a nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra, os
sistemas.

Façamos ainda uma consideração que se não deve jamais perder de vista, a
de que entre os Espíritos, do mesmo modo que entre os homens, há os muito ignorantes, de
maneira que nunca serão demais as cautelas que se tomem contra a tendência a crer que, por serem Espíritos, todos devam saber tudo.
Qualquer classificação exige método, análise e conhecimento aprofundado do assunto. Ora
no mundo dos Espíritos, os que possuem limitados conhecimentos são, como neste mundo,
os ignorantes, os inaptos a apreender uma síntese, a formular um sistema. Só muito
imperfeitamente percebem ou compreendem uma classificação qualquer. Consideram da
primeira categoria todos os Espíritos que lhes são superiores, por não poderem apreciar as
gradações de saber, de capacidade e de moralidade que os distinguem, como sucede entre
nós a um homem rude com relação aos civilizados. Mesmo os que sejam capazes de tal
apreciação podem mostra-se divergentes, quanto às particularidades, conformemente aos
pontos de vista em que se achem, sobretudo se se trata de uma divisão, que nenhum cunho
absoluto apresente. Lineu, Jussieu e Tournefort tiveram cada um o seu método, sem que a
Botânica houvesse em conseqüência experimentado modificação alguma. É que nenhum
deles inventou as plantas, nem seus caracteres. Apenas observaram as analogias, segundo as
quais formaram os grupos ou classes. Foi assim que também nós procedemos. Não
inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos, julgamo-los pelas suas
palavras e atos, depois os classificamos pelas semelhanças, baseando-nos em dados que eles
próprios nos forneceram.

Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões.
Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos,
caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e pela propensão para o mal.
Os da segunda se caracterizam pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo
do bem: são os bons Espíritos. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os
que atingiram o grau supremo da perfeição.
Esta divisão nos pareceu perfeitamente racional e com caracteres bem positivados.
Só nos restava pôr em relevo, mediante subdivisões em número suficiente, os principais
matizes do conjunto. Foi o que fizemos, com o concurso dos Espíritos, cujas benévolas instruções jamais nos faltaram.
Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar-se a ordem, assim como o grau de
superioridade ou de inferioridade dos que possam entrar em relações conosco e, por
conseguinte, o grau de confiança ou de estima que mereçam. É, de certo modo, a chave da
ciência espírita, porquanto só ele pode explicar as anomalias que as comunicações
apresentam, esclarecendo-nos acerca das desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos.
Faremos, todavia, notar que estes não ficam pertencendo, exclusivamente, a tal ou tal
classe. Sendo sempre gradual o progresso deles e muitas vezes mais acentuado num sentido
do que em outro, pode acontecer que muitos reúnam em si os caracteres de várias
categorias, o que seus atos e linguagem tornam possível apreciar-se.








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