sábado, 9 de março de 2013

O Livro dos Espíritos: perguntas 71 a 80


PARTE 1ª - CAPÍTULO IV
Inteligência e instinto

71. A inteligência é atributo do princípio vital?
“Não, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência
e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a
inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o
Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la.”


A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres
orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que
existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de
estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades.
Podem distinguir-se assim: 1°, os seres inanimados, constituídos só de matéria, sem
vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 2°, os seres animados que não pensam,
formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência; 3°, os seres
animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um
princípio inteligente que lhes outorga a faculdade de pensar.

72. Qual a fonte da inteligência?
“Já o dissemos; a inteligência universal.”




a) - Poder-se-ia dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte
universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
“Isto não passa de simples comparação, todavia inexata, porque a inteligência é uma
faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Demais, como sabeis,
há coisas que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número.”

73. O instinto independe da inteligência?
“Precisamente, não, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma
inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades.”


DO PRINCÍPIO VITAL

74. Pode estabelecer-se uma linha de separação entre o instinto e a inteligência,
isto é, precisar onde um acaba e começa a outra?
“Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se podem distinguir os
atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.”

75. É acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que
crescem as intelectuais?
“Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode
conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a
razão. Nunca se transvia.”

a) - Por que nem sempre é guia infalível a razão?
“Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo
egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio.”


O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente
dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da
inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado.
O instinto varia em suas manifestações, conforme às espécies e às suas
necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se
alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.


PARTE SEGUNDA
Do mundo espírita ou mundo dos
Espíritos
CAPÍTULO I
DOS ESPÍRITOS
1. Origem e natureza dos Espíritos. - 2. Mundo normal primitivo. - 3. Forma e ubiqüidade
dos Espíritos. - 4. Perispírito. - 5. Diferentes ordens de Espíritos. - 6. Escala espírita. - 7.
Progresso dos Espíritos. - 8. Anjos e demônios.
Origem e natureza dos Espíritos


76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o
Universo, fora do mundo material.”

NOTA - A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos
seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.

77. Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou
porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?
“Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a
fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz
alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.”


78. Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?
“Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação
Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é
incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada
sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo
eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de
nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”

79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o
elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente,
como os corpos inertes o são do elemento material?
“Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como
os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa
formação se operou é que são desconhecidos.”

80. A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos?
“É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.”







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