domingo, 10 de março de 2013

O Livro dos Espíritos: perguntas 81 a 90


81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?
“Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela Sua vontade. Mas, repito ainda
uma vez, a origem deles é mistério.”

82. Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?

“Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma
linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o
termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o
Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós
outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”

Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo
o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para
exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo
ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as idéias que só lhe poderiam
ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à
essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações
sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação.




83. Os Espíritos têm fim? Compreende-se que seja eterno o princípio donde eles
emanam, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se, em dado
tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e volta à
massa donde saiu, como sucede com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma
coisa que teve começo possa não ter fim.
“Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência.
Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é
compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos
Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.”


Mundo normal primitivo

84. Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?

“Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.”

85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem
das coisas?
“O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”

86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso
alterasse a essência do mundo espírita?
“Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos,
porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.”


87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
“Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos
deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes,
pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se
serve para execução de Seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte,
por isso que há regiões interditas aos menos adiantados.”

Forma e ubiqüidade dos Espíritos

88. Os Espíritos têm forma determinada, limitada e constante?
“Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão, ou
uma centelha etérea.”


a) - Essa chama ou centelha tem cor?
“Tem uma coloração que, para vós, vai do colorido escuro e opaco a uma cor
brilhante, qual a do rubi, conforme o Espírito é mais ou menos puro.”
Representam-se de ordinário os gênios com uma chama ou estrela na fronte. É uma
alegoria, que lembra a natureza essencial dos Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, porque aí está a sede da inteligência.

89. Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?
“Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento.”

a) - O pensamento não é a própria alma que se transporta?
“Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois que é a
alma quem pensa. O pensamento é um atributo.”

90. O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância
que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado ao lugar onde
quer ir?
“Dá-se uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, inteirar-se da
distância que percorre, mas também essa distância pode desaparecer completamente,
dependendo isso da sua vontade, bem como da sua natureza mais ou menos depurada.”






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