domingo, 3 de março de 2013

O Livro dos Espíritos: perguntas 21 a 30

21. A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por Ele em dado momento?
“Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar: é que

Deus, modelo de amor e caridade nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar
o início de Sua ação, podereis concebê-Lo ocioso, um momento que seja?”

22. Define-se geralmente a matéria como sendo - o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
“Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas
a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que
nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém,
não o seria.”

a) - Que definição podeis dar da matéria?
“A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e
sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.”

Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o
auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito.

23. Que é o Espírito?
“O princípio inteligente do Universo.”

a) - Qual a natureza íntima do Espírito?
“Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não
ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e
o nada não existe.”

24. Espírito é sinônimo de inteligência?
“A inteligência é um atributo essencial do Espírito. Uma e outro, porém, se
confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”

25. O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as
cores o são da luz e o som o é do ar?
“São distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para
intelectualizar a matéria.”

a) - Essa união é igualmente necessária para a manifestação do Espírito?
(Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das
individualidades que por esse nome se designam.)
“É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o Espírito
sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.”

26. Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
“Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.”

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?

“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e
matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao
elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de
intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que
o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito
classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se
o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o
Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e
suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de
produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse
fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o
princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as
qualidades que a gravidade lhe dá.”



a) - Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?
“Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido
elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente
falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.”

28. Pois que o Espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito
a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de - matéria inerte e matéria
inteligente?
“As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem
de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos
entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para
exprimir o que não vos fere os sentidos.”


Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência
e vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão destas

duas coisas nos são desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de
contacto entre ambas; se a inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um
efeito; se é mesmo, conforme à opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos.
Elas se nos mostram como sendo distintas; daí o considerarmo-las formando os dois
princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que
domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos essenciais. A
essa inteligência suprema é que chamamos Deus.


29. A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria?
“Da matéria como a entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido
universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por
isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.”

A gravidade é uma propriedade relativa. Fora das esferas de atração dos mundos,
não há peso, do mesmo modo que não há alto nem baixo.

30. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?
“De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são
verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.”



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