quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 18

18. Penetrará o homem um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?

“O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são-lhe precisas faculdades que ainda não possui.”



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 16

16. Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: Sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está por toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, Ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio?

“A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.”


Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de suprema inteligência, seria em ponto grande o que somos em ponto pequeno. Ora, transformando-se a matéria incessantemente, Deus, se fosse assim, nenhuma estabilidade teria; achar-se-ia sujeito a todas as vicissitudes, mesmo a todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. Não se podem aliar as propriedades da matéria à idéia de Deus, sem que Ele fique rebaixado ante a nossa compreensão e não haverá sutilezas de sofismas que cheguem a resolver o problema da Sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que Ele é, mas sabemos o que Ele não pode deixar de ser e o sistema de que tratamos está em contradição com as suas mais essenciais propriedades. Ele confunde o Criador com a criatura, exatamente como o faria quem pretendesse que engenhosa máquina fosse parte integrante do mecânico que a imaginou.
A inteligência de Deus se revela em Suas obras como a de um pintor no seu quadro; mas, as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 15

15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?

“Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.”

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 14

14. Deus é um ser distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?

“Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.”
“Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, consequentemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes
penetrar no que é impenetrável.”


sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 13

13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos ideia completa de Seus atributos?

“Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma Lhe faltasse, ou não fosse infinita, já Ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.”


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 12

12. Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos formar ideia de algumas de Suas perfeições?

“De algumas, sim. O homem as compreende melhor à proporção que se eleva acima da matéria. Entrevê-as pelo pensamento.”


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 11

11. Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?

“Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 10

10. Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?

“Não; falta-lhe para isso o sentido.”


terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 9

9. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?

“Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 8


8. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?

“Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.”


domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 7

7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?

“Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.”


sábado, 16 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 6

6. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas?
“Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?”


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 5

5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?
“A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma conseqüência do princípio - não há efeito sem causa.”


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 4

4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 3

3. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito?
“Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 2

2. Que se deve entender por infinito?
“O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo que é desconhecido é infinito.”


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: pergunta 1

1. Que é Deus?
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Livro dos Espíritos: PROLEGÔMENOS

Fenômenos alheios às leis da ciência humana se dão por toda parte, revelando na
causa que os produz a ação de uma vontade livre e inteligente.
A razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma força inteligente e
os fatos hão provado que essa força é capaz de entrar em comunicação com os homens por
meio de sinais materiais.
Interrogada acerca da sua natureza, essa força declarou pertencer ao mundo dos
seres espirituais que se despojaram do invólucro corporal do homem. Assim é que foi
revelada a Doutrina dos Espíritos.
As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corpóreo estão na ordem natural
das coisas e não constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações se acham
vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram e tornaram
patentes a todos.
Os espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para
uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de Sua
vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a
regeneração da Humanidade.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Livro dos Espíritos: introdução XVII

O cepticismo, no tocante à Doutrina Espírita, quando não resulta de uma oposição
sistemática por interesse, origina-se quase sempre do conhecimento incompleto dos fatos, o
que não obsta a que alguns cortem a questão como se a conhecessem a fundo. Pode-se ter
muito atilamento, muita instrução mesmo, e carecer-se de bom-senso. Ora, o primeiro
indício da falta de bom-senso está em crer alguém infalível o seu juízo. Muita gente
também para quem as manifestações espíritas nada mais são do que objeto de curiosidade.
Confiamos em que, lendo este livro, encontrarão nesses extraordinários fenômenos alguma
coisa mais do que simples passatempo.
A ciência espírita compreende duas partes: experimental uma, relativa às
manifestações em geral, filosófica, outra, relativa às manifestações inteligentes. Aquele que
apenas haja observado a primeira se acha na posição de quem não conhecesse a Física
senão por experiências recreativas, sem haver penetrado no âmago da ciência. A verdadeira
Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram, e os conhecimentos que esse
ensino comporta são por demais profundos e extensos para serem adquiridos de qualquer
modo, que não por um estudo perseverante, feito no silêncio e no recolhimento. Porque, só
dentro desta condição se pode observar um número infinito de fatos e particularidades que
passam despercebidos ao observador superficial, e firmar opinião. Não produzisse este livro
outro resultado além do de mostrar o lado sério da questão e de provocar estudos neste
sentido e rejubilaríamos por haver sido eleito para executar uma obra em que, aliás, nenhum
mérito pessoal pretendemos ter, pois que os princípios nela exarados não são de criação
nossa. O mérito que apresenta cabe todo aos Espíritos que a ditaram. Esperamos que dará
outro resultado, o de guiar os homens que desejem esclarecer-se, mostrando-lhes, nestes estudos, um fim grande e sublime: o do progresso individual e social e o de lhes indicar o
caminho que conduz a esse fim.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XVI

Resta-nos ainda examinar duas objeções, únicas que realmente merecem este nome,
porque se baseiam em teorias racionais. Ambas admitem a realidade de todos os fenômenos
materiais e morais, mas excluem a intervenção dos Espíritos.
Segundo a primeira dessas teorias, todas as manifestações atribuídas aos Espíritos
não seriam mais do que efeitos magnéticos. Os médiuns se achariam num estado a que se
poderia chamar sonambulismo desperto, fenômeno de que podem dar testemunho todos os
que hão estudado o magnetismo. Nesse estado, as faculdades intelectuais adquirem um
desenvolvimento anormal; o círculo das operações intuitivas se amplia, para além das raias da nossa concepção ordinária. Assim sendo, o médium tiraria
de si mesmo e por efeito da sua lucidez tudo o que diz e todas as noções que transmite,
mesmo sobre os assuntos que mais estranhos lhe sejam, quando no estado habitual.
Não seremos nós quem conteste o poder do sonambulismo, cujos prodígios
observamos, estudando-lhe todas as fases durante mais de trinta e cinco anos. Concordamos
em que, efetivamente, muitas manifestações espíritas são explicáveis por esse meio.
Contudo, uma observação cuidadosa e prolongada mostra grande cópia de fatos em que a
intervenção do médium, a não ser como instrumento passivo, é materialmente impossível.
Aos que partilham dessa opinião, como aos outros, diremos: “Vede e observai, porque
certamente ainda não vistes tudo.” Opor-lhes-emos, em seguida, duas considerações tiradas
da própria doutrina deles. Donde veio a teoria espírita? É um sistema imaginado por alguns
homens para explicar os fatos? De modo algum. Quem então a revelou? Precisamente esses
médiuns cuja lucidez exaltais. Ora, se essa lucidez é tal como a supondes, por que teriam
eles atribuído aos Espíritos o que em si mesmos hauriam? Como teriam dado, sobre a
natureza dessas inteligências extra-humanas, as informações precisas, lógicas e tão
sublimes, que conhecemos? Uma de duas: ou eles são lúcidos, ou não o são. Se o são e se
se pode confiar na sua veracidade, não haveria meio de admitir-se, sem contradição, que
não estejam com a verdade. Em segundo lugar, se todos os fenômenos promanassem do
médium, seriam sempre idênticos num determinado indivíduo; jamais se veria a mesma
pessoa usar de uma linguagem disparatada, nem exprimir alternativamente as coisas mais
contraditórias. Esta falta de unidade nas manifestações obtidas pelo mesmo médium prova a
diversidade das fontes. Ora, desde que não as podemos encontrar todas nele, forçoso é que
as procuremos fora dele.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XV

Há também pessoas que vêem perigo por toda parte e em tudo o que não conhecem.
Daí a pressa com que, do fato de haverem perdido a razão alguns dos que se entregaram a estes estudos, tiram conclusões desfavoráveis ao Espiritismo. Como é que homens
sensatos enxergam nisto uma objeção valiosa? Não se dá o mesmo com todas as
preocupações de ordem intelectual que empolguem um cérebro fraco? Quem será capaz de
precisar quantos loucos e maníacos os estudos da matemática, da medicina, da música, da
filosofia e outros têm produzido? Dever-se-ia, em conseqüência, banir esses estudos? Que
prova isso? Nos trabalhos corporais, estropiam-se os braços e as pernas, que são os
instrumentos da ação material; nos trabalhos da inteligência, estropia-se o cérebro, que é o
do pensamento. Mas, por se haver quebrado o instrumento, não se segue que o mesmo
tenha acontecido ao Espírito. Este permanece intacto e, desde que se liberte da matéria,
gozará, tanto quanto qualquer outro, da plenitude das suas faculdades. No seu gênero, ele é,
como homem, um mártir do trabalho.
Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura: as ciências,
as artes e até a religião lhe fornecem contingentes. A loucura tem como causa primária uma
predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas
impressões. Dada a predisposição para a loucura, esta tomará o caráter de preocupação
principal, que então se muda em idéia fixa, podendo tanto ser a dos Espíritos, em quem com
eles se ocupou, como a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de
uma ciência, da maternidade, de um sistema político ou social. Provavelmente, o louco
religioso se houvera tornado um louco espírita, se o Espiritismo fora a sua preocupação
dominante, do mesmo modo que o louco espírita o seria sob outra forma, de acordo com as 
circunstâncias.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XIV

Passaríamos de longe pela objeção que fazem alguns cépticos, a propósito das faltas
ortográficas que certos Espíritos cometem, se ela não oferecesse margem a uma observação
essencial. A ortografia deles, cumpre dizê-lo, nem sempre é irreprochável; mas, grande
escassez de razões seria mister para se fazer disso objeto de crítica séria, dizendo que, visto
saberem tudo, os Espíritos devem saber ortografia. Poderíamos opor-lhes os múltiplos
pecados desse gênero cometidos por mais de um sábio da Terra, o que, entretanto, em nada
lhes diminui o mérito. Há, porém, no fato, uma questão mais grave. Para os Espíritos,
principalmente para os Espíritos superiores, a idéia é tudo, a forma nada vale. Livres da
matéria, a linguagem de que usam entre si é rápida como o pensamento, porquanto são os
próprios pensamentos que se comunicam sem intermediário. Muito pouco à vontade hão de
eles se sentirem, quando obrigados, para se comunicarem conosco, a utilizarem-se das
formas longas e embaraçosas da linguagem humana e a lutarem com a insuficiência e a
imperfeição dessa linguagem, para exprimirem todas as idéias. É o que eles próprios
declaram. Por isso mesmo, bastante curiosos são os meios de que se servem com freqüência
para obviarem a esse inconveniente. O mesmo se daria conosco, se houvéssemos de
exprimir-nos num idioma de vocábulos e fraseados mais longos e de maior pobreza de
expressões do que o de que usamos. É o embaraço que experimenta o homem de gênio
constitui motivo de impaciência a lentidão da sua pena sempre muito atrasada no lhe
acompanhar o pensamento. Compreende-se, diante disto, que os Espíritos liguem pouca
importância à puerilidade da ortografia, mormente quando se trata de ensino profundo e
grave. Já não é maravilhoso que se exprimam indiferentemente em todas as línguas e que as
entendam todas? Não se conclua daí, todavia, que desconheçam a correção convencional da
linguagem. Observam-na, quando necessário. Assim é, por exemplo, que a poesia por eles
ditada desafiaria quase sempre a crítica do mais meticuloso purista, a despeito da
ignorância do médium.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XIII

As observações que aí ficam nos levam a dizer alguma coisa acerca de outra
dificuldade, a da divergência que se nota na linguagem dos Espíritos.
Diferindo estes muito uns dos outros, do ponto de vista dos conhecimentos e da
moralidade, é evidente que uma questão pode ser por eles resolvida em sentidos opostos,
conforme a categoria que ocupam, exatamente como sucederia, entre os homens, se a
propusessem ora a um sábio, ora a um ignorante, ora a um gracejador de mau gosto. O
ponto essencial, temo-lo dito, é sabermos a quem nos dirigimos.
Mas, ponderam, como se explica que os tidos por Espíritos de ordem superior nem
sempre estejam de acordo? Diremos, em primeiro lugar, que, independentemente da causa
que vimos de assinalar, outras há de molde a exercerem certa influência sobre a natureza
das respostas, abstração feita da probidade dos Espíritos. Este é um ponto capital, cuja
explicação alcançaremos pelo estudo. Por isso é que dizemos que estes estudos requerem
atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como aliás o exigem todas as ciências
humanas, continuidade e perseverança. Anos são precisos para forma-se um médico medíocre e três quartas partes da vida para chegar-se a ser um sábio. Como pretender-se em algumas horas adquirir a Ciência do Infinito?
Ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da
metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós. Será de admirar que o
efetuá-lo demande tempo, muito tempo mesmo?
A contradição, demais, nem sempre é tão real quanto possa parecer. Não vemos
todos os dias homens que professam a mesma ciência divergirem na definição que dão de
uma coisa, quer empreguem termos diferentes, quer a encarem de pontos de vista diversos,
embora seja sempre a mesma a idéia fundamental? Conte quem puder as definições que se
têm dado de gramática! Acrescentaremos que a forma da resposta depende muitas vezes da
forma da questão. Pueril, portanto, seria apontar contradição onde freqüentemente só há
diferença de palavras. Os Espíritos superiores não se preocupam absolutamente com a
forma. Para eles, o fundo do pensamento é tudo.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XII

Um fato demonstrado pela observação e confirmado pelos próprios Espíritos é o de
que os Espíritos inferiores muitas vezes usurpam nomes conhecidos e respeitados. Quem
pode, pois, afirmar que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César, Carlos
Magno, Fénelon, Napoleão, Washington, etc., tenham realmente animado essas
personagens? Esta dúvida existe mesmo entre alguns adeptos fervorosos da Doutrina
Espírita, os quais admitem a intervenção e a manifestação dos Espíritos, mas inquirem
como se lhes pode comprovar a identidade. Semelhante prova é, de fato, bem difícil de
produzir-se. Conquanto, porém, não o possa ser de modo tão autêntico como por uma
certidão de registro civil, pode-o ao menos por presunção, segundo certos indícios.
Quando se manifesta o Espírito de alguém que conhecemos pessoalmente, de um
parente ou de um amigo, por exemplo, mormente se há pouco tempo que morreu, sucede
geralmente que sua linguagem se revela de perfeito acordo com o caráter que tinha aos
nossos olhos, quando vivo. Já isso constitui indício de identidade. Não mais, entretanto, há
lugar para dúvidas, desde que o Espírito fala de coisas particulares, lembra acontecimentos
de família, sabidos unicamente do seu interlocutor. Um filho não se enganará, decerto, com
a linguagem de seu pai ou de sua mãe, nem pais haverá que se equivoquem quanto à de um
filho. Neste gênero de evocações, passam-se às vezes coisas íntimas verdadeiramente
empolgantes, de natureza a convencerem o maior incrédulo. O mais obstinado céptico fica,
não raro, aterrado com as inesperadas revelações que lhe são feitas.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução XI

Esquisito é, acrescentam, que só se fale dos Espíritos de personagens conhecidas e
perguntam por que são eles os únicos a se manifestarem. Há ainda aqui um erro, oriundo,
como tantos outros, de superficial observação. Dentre os Espíritos que vêm
espontaneamente, muito maior é, para nós, o número dos desconhecidos do que o dos
ilustres, designando-se aqueles por um nome qualquer, muitas vezes por um nome alegórico
ou característico. Quanto aos que se evocam, desde que não se trate de parente ou amigo, é
muito natural nos dirijamos aos que conhecemos, de preferência a chamar pelos que nos são
desconhecidos. O nome das personagens ilustres atrai mais a atenção, por isso é que são
notadas.
Acham também singular que os Espíritos dos homens eminentes acudam
familiarmente ao nosso chamado e se ocupem, às vezes, com coisas insignificantes,
comparadas com as de que cogitavam durante a vida. Nada aí há de surpreendente para os
que sabem que a autoridade, ou a consideração de que tais homens gozaram neste mundo,
nenhuma supremacia lhes dá no mundo espírita. Nisto, os Espíritos confirmam estas
palavras do Evangelho: “Os grandes serão rebaixados e os pequenos serão elevados”,
devendo esta sentença entender-se com relação à categoria em que cada um de nós se
achará entre eles. É assim que aqueles que foi primeiro na Terra pode vir a ser lá um dos
últimos. Aquele diante de quem curvávamos aqui a cabeça pode, portanto, vir falar-nos
como o mais humilde operário, pois que deixou, com a vida terrena, toda a sua grandeza, e o mais poderoso monarca pode achar-se lá muito abaixo do último dos seus soldados.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução X


Entre as objeções, algumas há das mais especiosas, ao menos na aparência, porque
tiradas da observação e feitas por pessoas respeitáveis.
A uma delas serve de base a linguagem de certos Espíritos, que não parece digna da
elevação atribuída a seres sobrenaturais. Quem se reportar ao resumo da doutrina acima apresentado, verá que os próprios Espíritos nos ensinam não haver entre eles igualdade de conhecimentos nem de
qualidades morais, e que não se deve tomar ao pé da letra tudo quanto dizem. Às pessoas
sensatas incumbe separar o bom do mau. Indubitavelmente, os que desse fato deduzem que
só se comunicam conosco seres malfazejos, cuja única ocupação consista em nos mistificar,
não conhecem as comunicações que se recebem nas reuniões onde só se manifestam
Espíritos superiores; do contrário, assim não pensariam. É de lamentar que o acaso os tenha
servido tão mal, que apenas lhes haja mostrado o lado mau do mundo espírita, pois nos
repugna supor que uma tendência simpática atraia para eles, em vez dos bons Espíritos, os
maus, os mentirosos, ou aqueles cuja linguagem é de revoltante grosseria. Poder-se-ia,
quando muito, deduzir daí que a solidez dos princípios dessas pessoas não é bastante forte
para preservá-las do mal e que, achando certo prazer em lhes satisfazerem a curiosidade, os
maus Espíritos disso se aproveitam para se aproximar delas, enquanto os bons se afastam.
Julgar a questão dos Espíritos por esses fatos seria tão pouco lógico, quanto julgar
do caráter de um povo pelo que se diz e faz numa reunião de desatinados ou de gente de má
nota, com os quais não entretêm relações as pessoas circunspectas nem as sensatas. Os que
assim julgam se colocam na situação do estrangeiro que, chegando a uma grande capital
pelo mais abjeto dos seus arrabaldes, julgasse de todos os habitantes pelos costumes e
linguagem desse bairro ínfimo. No mundo dos Espíritos também há uma sociedade boa e
uma sociedade má; dignem-se, os que daquele modo se pronunciam, de estudar o que se
passa entre os Espíritos de escol e se convencerão de que a cidade celeste não contém
apenas a escória popular.

Perguntam eles: os Espíritos de escol descem até nós? Responderemos: Não fiqueis
no subúrbio; vede, observai e julgareis; os fatos aí estão para todo o mundo. A menos que
lhes sejam aplicáveis estas palavras de Jesus: Têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não
ouvem.
Como variante dessa opinião, temos a dos que não vêem, nas comunicações
espíritas e em todos os fatos materiais a que elas dão lugar, mais do que a intervenção de
uma potência diabólica, novo Proteu que revestiria todas as formas, para melhor nos
enganar. Não a julgamos suscetível de exame sério, por isso não nos demoramos em
considerá-la. Aliás, ela está refutada pelo que acabamos de dizer. Acres-centaremos, tão-somente, que, se assim fosse, forçoso seria convir em que o diabo é às
vezes bastante criterioso e ponderado, sobretudo muito moral; ou então, em que também há
bons diabos.
Efetivamente, como acreditar que Deus só ao Espírito do mal permita que se
manifeste, para perder-nos, sem nos dar por contrapeso os conselhos dos bons Espíritos? Se
Ele não o pode fazer, não é onipotente; se pode e não o faz, desmente a Sua bondade.
Ambas as suposições seriam blasfemas. Note-se que admitir a comunicação dos maus
Espíritos é reconhecer o princípio das manifestações. Ora, se elas se dão, não pode deixar
de ser com a permissão de Deus. Como, então, se há de acreditar, sem impiedade, que Ele
só permita o mal, com exclusão do bem? Semelhante doutrina é contrária às mais simples
noções do bom-senso e da Religião.

Desencarnações Coletivas (Emmanuel)

Emmanuel
Uma mensagem de solidariedade e vibrações fraternais a todos os envolvidos com a tragédia de Santa Maria (RS).

Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?
(Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 23-2-1972, em Uberaba, Minas).

RESPOSTA:

Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.

Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.

É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.

***

Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.

Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.

Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas.

Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidade na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.

***

Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as conseqüências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança.

É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.

***

Lamentemos sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos.

Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.

(Transcrito do livro: XAVIER, Francisco C. Autores diversos. Chico Xavier pede licença. S.Bernardo do Campo: Ed. GEEM. Cap. 19).

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Livro dos Espíritos: introdução IX

O movimento dos objetos é um fato incontestável. A questão está em saber se, nesse
movimento, há ou não uma manifestação inteligente e, em caso de afirmativa, qual a origem
dessa manifestação.
Não falamos do movimento inteligente de certos objetos, nem das comunicações
verbais, nem das que o médium escreve diretamente. Este gênero de manifestações,
evidente para os que viram e aprofundaram o assunto, não se mostra, à primeira vista,
bastante independente da vontade, para firmar a convicção de um observador novato. Não
trataremos, portanto, senão da escrita obtida com o auxílio de um objeto qualquer munido
de um lápis, como cesta, prancheta, etc. A maneira pela qual os dedos do médium repousam
sobre os objetos desafia, como atrás dissemos, a mais consumada destreza de sua parte no
intervir, de qualquer modo, em o traçar das letras. Mas admitamos que a alguém, dotado de
maravilhosa habilidade, seja isso possível e que esse alguém consiga iludir o olhar do
observador; como explicar a natureza das respostas, quando se apresentam fora do quadro
das idéias e conhecimentos do médium? E note-se que não se trata de respostas
monossilábicas, porém, muitas vezes, de numerosas páginas escritas com admirável
rapidez, quer espontaneamente, quer sobre determinado assunto. De sob os dedos do
médium menos versado em literatura, surgem de quando em quando poesias de impecáveis
sublimidade e pureza, que os melhores poetas humanos não se dedignariam de subscrever.
O que ainda torna mais estranhos esses fatos é que ocorrem por toda parte e que os médiuns
se multiplicam ao infinito. São eles reais ou não? Para esta pergunta só temos uma resposta:
vede e observai; não vos faltarão ocasiões de fazê-lo; mas, sobretudo, observai repetidamente, por longo tempo e de acordo com as condições exigidas.
Que respondem a essa evidência os antagonistas? - Sois vítimas do charlatanismo ou
joguete de uma ilusão. Diremos, primeiramente, que a palavra charlatanismo não cabe onde
não há proveito. Os charlatães não fazem grátis o seu ofício. Seria, quando muito, uma
mistificação. Mas, por que singular coincidência esses mistificadores se achariam acordes,
de um extremo a outro do mundo, para proceder do mesmo modo, produzir os mesmos
efeitos e dar, sobre os mesmos assuntos e em línguas diversas, respostas idênticas, senão
quanto à forma, pelo menos quanto ao sentido? Como compreender-se que pessoas
austeras, honradas, instruídas se prestassem a tais manejos? E com que fim? Como achar
em crianças a paciência e a habilidade necessárias a tais resultados? Porque, se os médiuns
não são instrumentos passivos, indispensáveis se lhes fazem habilidade e conhecimentos
incompatíveis com a idade infantil e com certas posições sociais.
Dizem então que, se não há fraude, pode haver ilusão de ambos os lados. Em boa
lógica, a qualidade das testemunhas é de alguma importância. Ora, é aqui o caso de
perguntarmos se a Doutrina Espírita, que já conta milhões de adeptos, só os recruta entre os
ignorantes? Os fenômenos em que ela se baseia são tão extraordinários que concebemos a
existência da dúvida. O que, porém, não podemos admitir é a pretensão de alguns
incrédulos, a de terem o monopólio do bom-senso, e que, sem guardarem as conveniências
e respeitarem o valor moral de seus adversários, tachem, com desplante, de ineptos os que
lhes não seguem o parecer. Aos olhos de qualquer pessoa judiciosa, a opinião das que,
esclarecidas, observaram durante muito tempo, estudaram e meditaram uma coisa,
constituirá sempre, quando não uma prova, uma presunção, no mínimo, a seu favor, visto
ter logrado prender a atenção de homens respeitáveis, que não tinham interesse algum em
propagar erros nem tempo a perder com futilidades.